Prezados Irmãos e Irmãs Homens e Mulheres de boa vontade Que a Paz do nosso Senhor Ressuscitado esteja convosco.
Tomo esta oportunidade de voltar a vos falar sobre a missão da Caritas que, assim como todos nós a conhecemos, é de dar testemunho do amor de Deus (actos 1:8) em ordem a promover a caridade e a justiça para garantir o desenvolvimento integral do ser humano com atenção especial aos mais pobres e desfavorecidos.
O alcance da missão da Caritas, acontece no âmbito da Caridade e justiça requerendo que a Igreja em África procure constantemente novos caminhos para dar testemunho da caridade procurando com coragem o seu papel profético, ex. de analisar e examinar a realidade, na sua profundidade, e ter a coragem de falar a verdade, tudo isso para a promoção e defesa do bem comum. Isso significa lutar contra as estruturas que mantêm a injustiça, desigualdade, conflitos e predação de recursos, em breves palavras as estruturas que mantêm a pobreza desumanizada e que não favorecem que “as pessoas possam ter vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Assim como nós sabemos, isso não acontece sempre sem dificuldades!
Alguns trabalhadores da Caritas já experimentaram frustrações, outros foram intimidados e ameaçados, outros ainda estão a ser maltratados. Alguns chegaram a pagar com as suas próprias vidas. Os Bispos prestaram homenagem a eles na Declaração de Kinshasa. Isto não deve nos desencorajar. Esta é a forma de carregarmos a nossa cruz, vivendo como nossa partilha do sofrimento nesta missão onde somos chamados a sacrificarmos a nós mesmos para que os mais vulneráveis possam recuperar a sua dignidade como filhos de Deus, na união com Cristo ressuscitado, Ele mesmo enviado pelo Pai para o mundo para dar testemunho do seu amor à humanidade, a sua misericórdia sem limites, … Valores e princípios na condução da missão da Caritas.
A Caritas deve sempre considerar os valores e princípios que guiam o seu trabalho. E, neste sentido, Os Padrões de Gestão da Caritas Internationalis (e o Código de Conduta e Código de Ética que serão aprovados ou adoptado dentro da sua realidade) convidam todas as Caritas, entre outras, a fazerem uma auto-avaliação. Este é entretanto um processo que visa a identificar as forças da Organização e os pontos a serem melhorados, em ordem a providenciar serviço de qualidade aos pobres. Assim como o Santo Padre, Papa Francisco, nos disse em 2013, “Ao servir, acompanhar e defender os pobres, é ao próprio Senhor que nós estamos a faze-lo.” Ele se identificou com os pobres. Assim, os pobres são os nossos mestres a quem devemos prestar contas. Daí a necessidade da formação do coração e profissionalização no serviço e produtos que a Caritas presta às populações e às comunidades mais pobres.
O sentido da missão A Igreja existe para evangelizar: esta é a sua missão essencial (Evangelii Nuntiandi). Proclame o Evangelho (KERYGMA), celebre os Sacramentos (LEITOURGIA) e testemunhe o amor de Deus pelo servindo os nossos irmãos (DIAKONIA) são tarefas que mutuamente convidam uma a outra e não podem ser separadas ao risco de desfigurar a Igreja (DCE n.25). “Aqueles que praticam a caridade em nome da Igreja nunca procurarão impor aos outros a fé da Igreja.” Porque o amor é livre e nunca é usado para atingir outros propósitos (DCE n.31). Ao discursar ao Conselho Representativo da Caritas Internationalis (16 de Maio de 2013), Papa Francisco lembrou que “a Caritas não é só para emergências como uma agência de ajuda. (…) numa situação de guerra ou em tempos de crise, nós temos que cuidar dos feridos; ajudar os doentes … mas também é necessário apoiá-los, para que estes cuidem do seu desenvolvimento.” Não é isso tudo que dá sentido a missão da Caritas? Cristo ressuscitado ajuda os trabalhadores da Caritas para claramente definirem as competências da sua missão, a assumirem os valores e os padrões que guiam a sua missão, a entenderem, conhecer e viver na profundidade o seu sentido mais profundo.
Feliz e Santa Páscoa.
Arcebispo Dom Gabriel Justiça Anokye